Após a tragédia que tirou a vida de Sarah Raíssa, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trabalha para identificar e punir os culpados. ...
Após a tragédia que tirou a vida de Sarah Raíssa, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) trabalha para identificar e punir os culpados. O Instituto Médico Legal (IML) emitirá um laudo pericial sobre as causas da morte e os efeitos que a inalação do desodorante teve no organismo dela. Além disso, o celular da menina foi apreendido e enviado ao Instituto de Criminalística para perícia. Segundo o delegado Walber Lima, da 15ª Delegacia de Polícia, de Ceilândia, o objetivo da investigação é identificar os culpados por criar e replicar o desafio. Segundo o delegado, se identificados, os culpados podem responder por homicídio duplamente qualificado e estarão sujeitos a penas de até 30 anos de reclusão.
De acordo com o advogado criminalista Berlinque Cantelmo, a depender dos rumos da investigação, o autor do conteúdo pode ser responsabilizado na esfera penal, inclusive por crimes como induzimento ao suicídio, lesão corporal seguida de morte ou homicídio culposo, a depender da interpretação jurídica e da prova da intenção ou da assunção de risco. "A responsabilização cível por danos morais e materiais à família da vítima também é viável nesse cenário", destaca.
Segundo análise do especialista, dependendo do rumo das investigações, a plataforma digitral pode ser responsabilizada. "Nos termos do Marco Civil da Internet e do Código de Defesa do Consumidor, plataformas digitais têm o dever de agir para coibir a disseminação de conteúdos nocivos, especialmente aqueles que colocam crianças e adolescentes em risco", ressalta Cantelmo. "Se for comprovado que o vídeo contendo o desafio foi denunciado e mesmo assim permaneceu disponível, ou que a plataforma falhou em aplicar mecanismos efetivos de moderação, há fundamento para responsabilização civil e até administrativa", acrescenta.
Possíveis causas
A inalação de desodorante pode ter consequências fatais para o organismo, que podem vir na forma de asfixia química, arritmias fatais, congelamento das vias aéreas e danos cerebrais. De acordo com a pediatra do Hospital Anchieta Ceilândia Suamy Brelaz Goulart, quando inalados em grandes quantidades, os gases propelentes que compõem o desodorante em aerosol substituem o oxigênio dos pulmões, impedindo sua absorção adequada pelo sangue. "Isso leva à asfixia química, ou hipóxia, que é a falta de oxigênio nos tecidos, incluindo o cérebro. O resultado pode ser uma parada respiratória e cardíaca em poucos minutos", explica a médica.
Além disso, os hidrocarbonetos presentes nos desodorantes também são extremamente tóxicos ao coração. "Isso pode levar à fibrilação ventricular, que é quando os batimentos cardíacos estão desordenados e ineficazes, ou até mesmo à parada cardíaca súbita", detalha.
Fonte: CB