Ele dizia que só a morte iria nos separar, e foi assim que aconteceu." As palavras são de Nádia de Souza Feitosa, 32 anos, que perdeu o...
Ele dizia que só a morte iria nos separar, e foi assim que aconteceu." As palavras são de Nádia de Souza Feitosa, 32 anos, que perdeu o marido e o cunhado em um trágico afogamento na Praia do Merepe, em Porto de Galinhas (PE), durante uma viagem de família. Em entrevista ao Correio, a auxiliar administrativa lamentou a morte do esposo, o agente socioeducativo Lindomar Ferreira dos Santos, 39, e do irmão dele, Leomar Ferreira dos Santos, 42, e diz que procura forças para lidar com a dor do luto.
Por quase nove meses, a família planejou a viagem para o litoral sul de Pernambuco. Em plena comemoração de ano-novo, os parentes ajustavam os detalhes da hospedagem e locomoção. O local escolhido foi Porto de Galinhas, um dos mais procurados no país. O grupo, de 16 pessoas, alugou uma casa em frente à Praia do Merepe e planejavam ficar até 12 de setembro.
Dos sete irmãos de Lindomar e Leomar, quatro foram na viagem. Seria a primeira vez que eles levariam a mãe para conhecer a praia. Era um sonho a se tornar realidade. "Eles tinham um amor imensurável por ela", diz Nádia. Logo na segunda-feira, quando desembarcaram no aeroporto e chegaram à casa, Lindomar fez questão de registrar a beleza do mar nas redes sociais. Segundo Nádia, neste dia a água estava agitada e com muitas ondas.
Na terça-feira pela manhã, após o café, Lindomar e Leomar foram para o mar. Nádia relata que, em determinado momento, observou pela varanda da casa que algo de errado acontecia. "Vimos que eles estavam se afogando e o mar estava bastante agitado, com muitas ondas. Buscamos socorro e ficamos tentando achar os corpos", relata. Na tentativa de resgatar o marido e o cunhado, a auxiliar entrou na água junto ao sobrinho e o filho e encontrou o corpo do esposo. "Trouxemos ele para a areia e fizemos massagem para reanimá-lo. O socorro chegou e fomos para a UPA, onde tentaram fazer de tudo, mas sem sucesso", complementa.
As buscas por Leomar continuavam. A Prefeitura de Ipojuca chegou a emitir um comunicado oficial. Por volta das 15h30, Leomar foi localizado na Praia do Cupe, a cerca de 2,5km de distância da casa onde se abrigavam. Os irmãos serão sepultados no DF, mas ainda sem maiores detalhes. Segundo Nádia, o carro da funerária chegaria ontem, até as 23h.
Dor do luto
Nádia e Lindomar eram casados há nove anos e moravam na Expansão do Setor O. A auxiliar é mãe de dois filhos frutos de outro relacionamento, mas as crianças viam o agente socioeducativo como um pai. "O Lindomar era uma pessoa de coração bom, amava muito a mãe, era um bom profissional e amado por todos. Ele tinha seu jeitinho de amar cada um. Nesses nove anos, eu conhecia cada parte de seu coração e por mais que ele não fosse de demonstrar afeto e carinho por todos, eu sabia o quanto ele amava. Amava muito os irmãos e seus sobrinhos. Era um ser incrível", recorda Nádia.
Lindomar também era querido no meio profissional. Em janeiro de 2011, ele entrou para a carreira socioeducativa e atualmente trabalhava como agente na Unidade de Internação do Recanto das Emas (Unire). "A categoria está muito abalada com a notícia desta tragédia. Nós prestamos condolências a todos os familiares e amigos. Lindomar era bastante conhecido pelo profissional exemplar e de excelência e pela alegria", frisou o representante do Sindicato dos Servidores da Carreira Socioeducativa do Distrito Federal (Sindsse/DF), André Henrique Santos.
A alegria contagiante de Leomar também não será esquecida. Raquel Pereira, 36, esposa dele, define o marido como: força e amizade. Os dois se conheceram quando ela tinha apenas 15 anos e, em 2017, firmaram os votos na igreja. "Onde ele chegava a alegria se espalhava. Era difícil vê-lo triste. Ele era super alto astral, fazia piada com todo mundo. Estávamos juntos a 21 anos e foram os anos mais lindos, uma história de amor. Deus me deu o privilégio de ter um parceiro tão querido", emociona-se.
Fonte: CB
