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Rússia ataca a Ucrânia com tanques e mísseis; Kiev fala em ‘invasão total’

 A Rússia atacou a Ucrânia nesta quinta-feira, 24, com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no l...



 A Rússia atacou a Ucrânia nesta quinta-feira, 24, com bombardeios contra alvos militares em Kiev, Kharkiv e outras cidades no centro e no leste depois de o presidente Vladimir Putin ter autorizado uma operação militar nos enclaves separatistas do leste do país, segundo o ministério da Defesa da Rússia.

O governo ucraniano fala em oito mortos pelo bombardeio russo. Foram registradas explosões ainda nas cidades portuárias de Kiev e Mariupol. No começo da manhã, no horário local, sirenes antiaéreas soaram nas cidades de Kiev e Lviv, numa cena rara na Europa desde o fim da 2ª Guerra.

O Ministério da Defesa russo garante ter destruído a capacidade de defesa antiaérea da Ucrânia, bem como parte de seus jatos na operação e negou que seus militares estivessem realizando ataques contra cidades ucranianas. “Armas de alta precisão estão tornando inoperantes a infraestrutura militar do Exército ucraniano, sistemas de defesa aérea, pistas e jatos das forças aéreas”, disse a pasta.

O governo ucraniano confirmou que a invasão da Ucrânia começou, citando ataques com artilharia e mísseis. “É uma invasão total”, disse o ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, no Twitter.

O presidente Volodimir Zelenski divulgou vídeo afirmando que os russos atacaram pontos de fronteira e infraestrutura militar do país. Ele pediu calma e adotou lei marcial – quando regras militares substituem as leis civis comuns de um país.

“Caros cidadãos ucranianos, esta manhã o presidente Putin anunciou uma operação militar especial em Donbas. A Rússia realizou ataques contra nossa infraestrutura militar e nossos guardas de fronteira. Ouviram-se explosões em muitas cidades da Ucrânia. Estamos introduzindo a lei marcial em todo o território do nosso país. Há um minuto, tive uma conversa com o presidente Biden. Os EUA já começaram a unir o apoio internacional. Hoje cada um de vocês deve manter a calma. Fique em casa se puder. Nós estamos trabalhando. O exército está trabalhando. Todo o setor de defesa e segurança está funcionando. Sem pânico. Nós somos fortes. Estamos prontos para tudo. Vamos vencer todos porque somos a Ucrânia”, disse Zelenski.

Os ucranianos dizem ter derrubados cinco caças russos e um helicóptero durante os bombardeios, o que Moscou negou. O comandante-chefe das forças armadas ucranianas, o general Valery Zaluzhni, disse que a ordem do presidente Volodmir Zelenski era a de infligir o máximo de baixas aos militares russos que invadirem o país. Sirenes soaram em Kiev e Lviv para alertar a população dos ataques, e muitos se refugiaram em bunkers em estações de metrô.

Autoridades ucranianas dizem que tropas russas desembarcaram em Odessa e na Crimeia enquanto outras estão cruzando a fronteira para Kharkiv. O serviço de emergência estatal da Ucrânia diz que ataques foram lançados contra 10 regiões ucranianas, principalmente no leste e sul do país. Pelo menos sete ataques aéreos “poderosos” no aeroporto Vasilkovsky nos arredores de Kiev, onde os caças-bombardeiros militares da Ucrânia são mantidos.

Em terra, na fronteira da Ucrânia com Belarus, tanques russos foram vistos entrando no território ucraniano, segundo a guarda fronteiriça ucraniana. A Rússia tem 30 mil homens no país vizinho e Kiev fica a cerca de 150 km da fronteira.

No leste, separatistas apoiados pela Rússia disseram que lançaram uma ofensiva na cidade de Shchastia, controlada pela Ucrânia, na Província de Luhansk, disse a agência de notícias russa Interfax.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, fez um novo pronunciamento à nação ainda nesta madrugada. “Nós somos fortes, estamos preparados para tudo e vamos vencer”, declarou. Ele também disse que vai permanecer em sua residência o quanto for possível. Pouco depois do ataque, seu governo declarou lei marcial em todo o território ucraniano.

“A Rússia lançou uma invasão em larga escala da Ucrânia e está atacando cidades com armas, disse o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, em um tuíte nesta quinta-feira. O chanceler disse que a Ucrânia precisa de armas e ajuda humanitária para responder à agressão russa.

“Putin acaba de lançar uma invasão em grande escala da Ucrânia. Cidades pacíficas ucranianas estão sob greve”, disse Kuleba, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin. “Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá. O mundo pode e deve parar Putin. A hora de agir é agora.”

Ameaças de Putin

Em uma mensagem televisionada, Putin anunciou sua decisão e prometeu retaliação a quem interferir na operação russa na Ucrânia. Na mensagem, o líder russo, que justificou sua decisão por um pedido de ajuda dos separatistas pró-russos e pela política agressiva da Otan com Moscou, também pediu que os militares ucranianos “deponham as armas”. “Qualquer um que tente interferir conosco, ou mais ainda, criar ameaças para nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e o levará a consequências como você nunca experimentou em sua história.”

Putin classificou sua operação como um ataque aos “nazistas” na Ucrânia, assim como a rejeição da ordem mundial liderada pelos EUA. Segundo ele, a aspiração da Ucrânia de ingressar na Otan representa uma ameaça terrível para a Rússia. Ele evocou o bombardeio da Otan à Iugoslávia em 1999 e a invasão do Iraque pelos EUA em 2003 para deixar claro que via o Ocidente como moralmente falido. “Durante 30 anos, tentamos deliberada e pacientemente chegar a um acordo com os países da Otan sobre segurança igual e indivisível na Europa”, disse Putin.

“Tomei a decisão de realizar uma operação militar especial”, disse Putin. “Seu objetivo será defender as pessoas que há oito anos sofrem perseguição e genocídio pelo regime de Kiev. Para isso, visaremos a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia, assim como levar ao tribunal aqueles que cometeram vários crimes sangrentos contra civis, incluindo cidadãos da Federação Russa. Nossos planos não incluem a ocupação do território ucraniano.”

Fonte: Agenda Capital