O ataque planejado por um grupo de jovens a uma escola pública do Distrito Federal, e frustrado por policiais civis da Delegacia Especial de...
Após ser alvo de busca e apreensão, a mulher foi internada compulsoriamenteem uma instituição psiquiátrica do DF. Em tom de deboche, um dos suspeitos chegou a afirmar que haveria “muitos corpinhos” pelo chão após as execuções.
As conversas trocadas pela internet, por meio de um aplicativo, revelam detalhes sobre o plano macabro que seria posto em prática após o retorno das aulas presenciais na rede pública de ensino da capital do país.
Estavam na mira, estudantes e servidores de um colégio no Recanto das Emas. Em mensagens no grupo, às quais o Metrópoles teve acesso, a jovem alvo da Operação Shield comenta com outros dois homens que não pisava na instituição de ensino há muito tempo e precisaria fazer o reconhecimento e um mapa da área.
Como resposta, um dos suspeitos lembra que seria necessário quebrar as câmeras do circuito interno de segurança, caso os equipamentos estivessem em pleno funcionamento. O terceiro interlocutor, que participa ativamente do plano, sugere matar os funcionários da escola num primeiro momento, a fim de evitar que eles acionassem a polícia quando o massacre tivesse início.
Leia a transcrição:
EsfaqueamentoO mesmo suspeito lembrou aos comparsas que o ideal seria “assassinar os servidores a facadas”, sem usar armas de fogo para não alertar alunos e professores com o barulho dos disparos. “Não! A gente não pode fazer barulho ainda. A gente tem que cercar eles lá em cima”, disse, no grupo do aplicativo.
O outro integrante discorda do comparsa e defende que todos na escola deveriam ser fuzilados. “Ia matar um por um.” A jovem alvo da operação da PCDF emenda lembrando ao grupo que tinha o desejo de manter pelo menos três vítimas vivas. “Eu e você mataríamos todos, exceto três garotos, que a gente deixaria sobreviver para contar o que aconteceu”, ressaltou.
O jovem que comenta em seguida garante que, se o plano fosse executado da maneira correta, pelo menos 300 pessoas poderiam ser mortas no massacre. No final da conversa, a jovem brasiliense revela o desejo de “fazer pelo menos 30 kills”(mortes). “Mas foda-se, vou morrer mesmo. Se me matarem, estão me fazendo um favor”, disse a jovem, na época.
Os três ainda não foram indiciados porque as investigações policiais de outras unidades da Federação estão em andamento. Assim, terão os nomes preservados nesta reportagem.
Operação Shield
A operação da DRCC que neutralizou o plano de ataque ocorreu em parceria com a Adidância da Polícia de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos. O massacre aconteceria quando as aulas presenciais fossem retomadas, uma vez que, devido à pandemia do novo coronavírus, os alunos estão estudando remotamente.
O coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas, da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Alessandro Barreto, explicou que a participação da polícia norte-americana, por meio da Homeland Security Investigations, deve-se a uma parceria entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos (EUA).
“Temos essa parceria vinculada à Embaixada dos EUA no Brasil. Estamos fazemos um trabalho preventivo de forma permanente para antecipar e neutralizar o planejamento de ataques como esse que ocorreria na escola de Brasília”, explicou.
Goiás, Rio de Janeiro e Pará
A parceria entre o Ministério da Justiça e os órgãos americanos como a Agência de Investigação de Segurança Interna (Homeland Security Investigations) ajudou a neutralizar planejamentos de massacres em sequência, em várias unidades da Federação. Jovens foram alvos de mandado de busca e apreensão em Goiás, Rio de Janeiro e Pará, apenas em maio deste ano.
Segundo o delegado federal Alfredo Carrijo, que comanda a Secretaria de Operações Integradas (Seopi) do MJSP, a aquisição de ferramentas e equipamentos que aumentam o poder de monitoramento do universo cibernético é fundamental para identificar e neutralizar ameaças. “É como um jogo de gato e rato. Enquanto suspeitos tentam executar qualquer tipo de planejamento no cyber espaço, nós trabalhamos para evitar que planos sejam colocados em prática”, afirmou.
Alessandro Barreto, que coordena o laboratório, ressaltou que a presença de mulheres e jovens entre 12 e 19 anos integrando bandos flagrados na internet elaborando ataques a escolas aumentou muito. “A exemplo do que ocorreu no DF, em outros estados, nós já conseguimos perceber essa tendência de mulheres exercendo papéis de destaque nos grupos”, explicou
O ataque ocorrido em uma creche de Saudades, no oeste de Santa Catarina, abalou o país. No dia 4 de maio, um jovem de 18 anos invadiu a instituição e, com uma espada, matou três crianças, todas com menos de 2 anos, uma professora e uma agente educadora. A polícia continua investigando para descobrir o que motivou esse crime brutal.
De acordo com testemunhas, o autor invadiu a Escola Infantil Pró-Infância Aquarela por volta das 9h30 e atacou a professora na entrada da unidade. Ele teria, então, corrido para a sala onde estavam quatro crianças, todas menores de 2 anos, e atacado as vítimas. Além delas, o jovem atingiu uma agente educadora.
A PM relatou ter recebido “diversos chamados” enquanto o jovem “golpeava alunos e professores”. Forças de segurança e de salvamento do oeste, incluindo o helicóptero Arcanjo, foram mobilizadas para atender a ocorrência.
Fonte: Metrópoles