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Comércio reabre nesta segunda-feira (29) no DF com restrições

Há um mês, quando a taxa de transmissão do novo coronavírus era de 1,35 — em média, 100 infectados podem transmitir o vírus para 135 pessoas...





Há um mês, quando a taxa de transmissão do novo coronavírus era de 1,35 — em média, 100 infectados podem transmitir o vírus para 135 pessoas — o Governo do Distrito Federal restringiu o funcionamento de determinados setores da economia. Hoje, lojas e estabelecimentos comerciais estão autorizados a reabrir as portas seguindo uma série de protocolos, além de um horário de funcionamento pré-estabelecido.

Cada atividade terá um horário específico de funcionamento e o toque de recolher, das 22h às 5h, segue em vigor. Na quinta-feira, entidades do setor de bares e restaurantes chegaram a enviar um ofício ao governador para pedir a ampliação do horário de funcionamento desses estabelecimentos. Contudo, de acordo com o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Jael Antônio da Silva, o setor vai aguardar essa primeira semana para ver como será a evolução da situação com a liberação do comércio. “Precisamos disso, mas quem sabe o que tem que ser feito é o governador”, resume.

O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista), Sebastião Abritta, vê com bons olhos essa retomada das atividades. “Porque, mesmo com dificuldades e restrições de horário, parte do comércio voltará a abrir faltando sete dias para o domingo de Páscoa”, afirma. Para Abritta, “cabe ao consumidor contribuir para que o comércio volte a operar. Os consumidores devem usar máscaras e álcool em gel, o que evita a propagação da covid-19”.

Fabio Hiro, um dos sócios proprietários do Salão Enjoy You, também concorda com o papel dos consumidores em seguir e, principalmente, exigir e fiscalizar os protocolos de segurança. “É preciso entender que o que é essencial hoje é a preservação de vidas e não entrar no mérito de qual atividade é ou não essencial. Não devemos esperar o Estado determinar o que pode ou não abrir. A consciência tem de partir de cada um, do consumidor e do empresário. E o consumidor deve ser o principal fiscal dos protocolos”, avalia. Fabio comenta que o setor tem um manual de biossegurança que engloba toda a cadeia, como clínicas de estética e barbearias, que foi aprovado pela Secretaria de Saúde do DF e está sendo seguido pelos estabelecimentos.

Além disso, o empresário afirma que os estabelecimentos de beleza já atuavam com equipamentos de proteção individual, o que difere, por exemplo, de casas noturnas, casas de festas e restaurantes. “Faz parte do expediente da atividade”. Por fim, Fabio argumenta que, para a população, foi comunicada uma narrativa de receio quanto ao consumo que afeta a cadeia toda. “Por mais que tenha protocolo e trabalhe com as medidas, se a população não se sentir segura com base nas informações que chegam, consequentemente todo o comércio sofre.”

Apesar da permissão, a situação da pandemia no DF ainda preocupa. A taxa de transmissão do vírus diminuiu com relação ao mês anterior. Ontem, o valor, atualizado diariamente às 8h da manhã, era de 0,91. No sábado, quando a cidade registrou 43 mortes pela doença, a média móvel de óbitos bateu recorde e chegou a 51,71.

“Impossível dizer que a pandemia está sob controle. Mesmo que nossa taxa de transmissão tenha reduzido com as medidas das últimas semanas, ainda não podemos garantir que ela se manterá baixa, já que é um indicador dinâmico e que tende crescer com o aumento de circulação de pessoas”, detalha a infectologista Ana Helena Germoglio. Como exemplo, ela cita alguns países da Europa que reabriram os serviços sem o controle da doença e tiveram uma piora na taxa de infecção. “Em verdade, nunca tivemos a paralisação real das atividades. Araraquara, no interior de São Paulo, pode provar a real efetividade do efeito de suspensão de todas as atividades. Enquanto formos cada vez mais permissivos em momento no qual ainda vivemos um colapso da saúde, a tendência é só piorar”, afirma.

Mudanças

Confira como funcionará o comércio do DF a partir de segunda-feira:

Por setor

Academias: das 6h às 21h

Comércio de rua: das 11h às 20h

Clubes recreativos: das 6h às 21h

Bares e restaurantes: das 11h às 19h

Agências de viagens: das 10h às 19h

Cultos, missas e rituais: sem horário pré-determinado

Atividades coletivas de cinema e teatro: sem restrição

Eventos em estacionamento ou drive-in: sem restrição

Shopping centers e centros comerciais: das 13h às 21h

Salões de beleza, barbearias, esmalterias e centros estéticos:das 10h às 19h

Supermercados: horário definido em alvará, respeitando o toque de recolher

Atividades 24 horas

Hospitais, farmácias, funerárias, postos de gasolina, clínicas médicas e veterinárias.


Recorde na média móvel de mortes

Mesmo com a redução na taxa de transmissão do vírus, fator apontado pelo Governo do Distrito Federal como um dos principais indicadores do avanço da pandemia, os números seguem altos. A taxa de ocupação dos leitos públicos de unidade de terapia intensiva (UTI) reservados para atender pacientes com suspeita ou confirmação da covid-19 estava em 96,68%, ontem. Das 430 unidades destinadas ao atendimento da doença, apenas 13 estavam vagas ontem —sendo nove para UTI adulto e quatro para a pediátrica e neonatal — e 39 bloqueadas ou aguardando liberação, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF.

As vagas em UTI adulta estão disponíveis em três hospitais da capital: Hospital de Campanha da Polícia Militar, Hospital Regional de Samambaia (HRSam) e Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Já os leitos de pediatria e neonatal estão disponíveis no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e no Hospital da Criança (HCB).

Ainda de acordo com informações da secretaria, 390 pessoas aguardavam um leito de UTI na tarde de ontem. Dessas, 279 são de casos confirmados ou suspeitos do novo coronavírus.

Boletim

O Distrito Federal contabilizou, ontem, um total de 340.166 casos do novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, foram 1.236 novas notificações. Além disso, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF, 40 pessoas morreram em decorrência da doença entre 24 e 28 de março, sendo a maioria registrada entre sábado e ontem.

Pelo segundo dia consecutivo, a média móvel de mortes bateu recorde e chegou a 53,57. De acordo com Breno Adaid, professor do Centro Universitário Iesb, se os registros continuarem crescendo, a tendência é de que o DF atinja um número maior do que em agosto do ano passado. (RP)





Fonte: Correio Braziliense